qua. nov 20th, 2024

Nos últimos anos, o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) tem ganhado cada vez mais atenção, e não é sem motivo. Conviver com esse transtorno, tanto para quem o vivencia quanto para quem está ao redor, pode ser desafiador.

Eu mesma já conheci pessoas que enfrentam essa condição, e o que sempre me impressionou foi a intensidade dos sentimentos que elas experimentam. Por isso, é importante entender melhor o TPB e seus principais sintomas, que são bem característicos e muitas vezes complexos. Vamos explorar juntos alguns dos sinais mais comuns.

1. Medo intenso de abandono

Um dos primeiros sintomas que eu percebi, tanto em conversas quanto em leituras sobre o transtorno, é o medo profundo e constante de ser abandonado. Pessoas com TPB vivem com uma sensação permanente de que aqueles a quem amam podem deixá-las a qualquer momento.

Esse medo não está necessariamente ligado a uma situação real de abandono, mas é sentido de forma tão forte que leva a reações extremas. Já ouvi relatos de pessoas que, ao sentir esse temor, passaram a ligar repetidamente para um parceiro ou amigo, ou até mesmo tomaram atitudes impulsivas para “testar” se seriam deixadas.

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2. Relacionamentos intensos e instáveis

Outro sintoma muito característico é a forma como os relacionamentos são vivenciados. Com o TPB, as conexões com outras pessoas tendem a ser extremamente intensas e, muitas vezes, caóticas. Isso acontece porque há uma tendência a idealizar e desvalorizar rapidamente quem está próximo.

É comum ouvir que a pessoa com TPB, em um dia, enxerga seu parceiro ou amigo como perfeito, e no dia seguinte, como alguém que a decepcionou profundamente. Essa montanha-russa emocional pode gerar grande desgaste para todos os envolvidos.

3. Instabilidade na autoimagem

Algo que me marcou ao aprender sobre o transtorno foi como a identidade de quem tem TPB pode ser instável. Quem convive com essa condição muitas vezes sente como se não soubesse quem realmente é.

A autoimagem pode mudar de forma dramática, levando a pessoa a experimentar diferentes versões de si mesma ao longo do tempo. Isso pode influenciar desde escolhas de estilo de vida até a forma como se relaciona com o mundo.

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4. Impulsividade

A impulsividade é um dos aspectos mais perceptíveis do TPB. Comportamentos impulsivos podem variar desde gastos excessivos e abuso de substâncias até dirigir de forma imprudente ou se envolver em relações sexuais de risco.

Esses comportamentos são frequentemente uma tentativa de aliviar a dor emocional, que pode parecer insuportável. Já ouvi depoimentos de pessoas que se sentiam “fora de controle” durante esses momentos, como se estivessem tentando preencher um vazio emocional imediato.

5. Comportamentos autodestrutivos

Infelizmente, muitos que convivem com o TPB relatam comportamentos autolesivos, como cortes ou outras formas de autoagressão. Essas ações, em geral, surgem como uma maneira de lidar com uma dor emocional muito intensa.

A automutilação é um grito silencioso, um jeito de “externalizar” um sofrimento que parece difícil de colocar em palavras. Além disso, há um risco aumentado de tentativas de suicídio, tornando o transtorno ainda mais grave e demandando atenção e cuidado contínuos.

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6. Alterações de humor intensas e rápidas

Um dia, alguém com TPB pode se sentir eufórico e cheio de esperança. No outro, pode se afundar em tristeza e desespero profundos. Essas mudanças de humor são rápidas e, muitas vezes, desproporcionais aos eventos externos. Conheci uma pessoa que descreveu suas oscilações emocionais como um furacão interno, onde qualquer pequena brisa poderia desencadear uma tempestade.

Essa volatilidade emocional é exaustiva para quem vive com o transtorno e também para quem está por perto.

7. Sentimentos de vazio crônico

Um dos aspectos mais dolorosos do TPB, pelo que pude perceber em relatos, é a sensação constante de vazio. Não é aquela sensação ocasional de tédio que todos nós experimentamos de vez em quando, mas algo muito mais profundo.

Pessoas com TPB frequentemente descrevem esse vazio como um buraco interno que parece impossível de ser preenchido. Isso pode levar a um sentimento de desesperança e à busca constante por algo que alivie essa sensação.

Reflexão Final

O Transtorno de Personalidade Borderline é, sem dúvida, complexo e desafiador. Ao longo da minha jornada de entender esse transtorno, ficou claro que as pessoas que o vivenciam estão em uma luta constante com suas emoções e com o mundo ao redor.

Reconhecer esses sintomas e compreender o impacto deles é um primeiro passo crucial para oferecer apoio e, principalmente, empatia.

O tratamento adequado, que normalmente envolve terapia, como a Terapia Comportamental Dialética (TCD), pode ajudar essas pessoas a encontrar uma forma de lidar com os altos e baixos emocionais, garantindo mais qualidade de vida.

Se você se identificou com algum desses sintomas ou conhece alguém que possa estar passando por isso, procure ajuda profissional. O apoio é essencial para que se possa viver de forma mais equilibrada e saudável.

Entender o Transtorno de Personalidade Borderline é apenas o primeiro passo em uma jornada que pode ser complexa, mas também repleta de possibilidades de cura e transformação. O TPB não define a totalidade de uma pessoa; é apenas uma parte de quem ela é.

Durante minhas conversas com pessoas que vivem com o transtorno, percebi que o que elas mais buscam é compreensão, tanto de si mesmas quanto dos outros ao seu redor. É vital que possamos enxergar além dos sintomas e reconhecer a humanidade que existe por trás de cada comportamento.

Um dos maiores desafios no tratamento do TPB é a estigmatização. Muitas vezes, as pessoas com esse transtorno são vistas como difíceis, manipuladoras ou incapazes de manter relacionamentos estáveis. Esse estigma pode impedir que elas procurem ajuda, alimentando um ciclo de sofrimento.

É importante que todos nós, como sociedade, trabalhemos para quebrar esses preconceitos, incentivando uma visão mais empática e informada sobre o TPB. Ao fazermos isso, ajudamos a criar um ambiente onde o tratamento e a recuperação sejam mais acessíveis e menos cercados de vergonha.

Felizmente, existem tratamentos eficazes disponíveis. A Terapia Comportamental Dialética (TCD), por exemplo, é amplamente reconhecida como uma das abordagens mais eficazes para o TPB. Essa forma de terapia combina técnicas de mindfulness, regulação emocional e desenvolvimento de habilidades sociais, ajudando as pessoas a gerenciar suas emoções de forma mais equilibrada.

Em muitos dos relatos que li e ouvi, a TCD foi mencionada como uma ferramenta transformadora, oferecendo às pessoas com TPB a chance de viver uma vida mais plena e menos dominada pela instabilidade emocional.

Além da terapia, o apoio de amigos e familiares também desempenha um papel crucial na recuperação. É essencial que aqueles ao redor da pessoa com TPB se eduquem sobre o transtorno, para que possam oferecer suporte de maneira eficaz.

O simples ato de estar presente, ouvir sem julgar e validar os sentimentos do outro pode fazer uma enorme diferença. Lembro-me de uma conversa que tive com uma amiga que vive com o TPB, e ela me disse que o que mais a ajudava era saber que, mesmo nos momentos mais difíceis, ela não estava sozinha.

No entanto, o caminho para a recuperação não é linear. Assim como os sintomas do TPB são marcados por altos e baixos, o processo de cura também pode ser. É normal que haja recaídas e momentos de dúvida, mas isso não significa que o progresso não está sendo feito.

A paciência e a persistência são essenciais, tanto para quem está em tratamento quanto para aqueles que estão oferecendo apoio. Cada pequena vitória deve ser celebrada, pois faz parte de um caminho maior rumo à estabilidade emocional.

É importante também lembrar que, além da terapia, o autocuidado é fundamental. Práticas como meditação, exercício físico e a manutenção de uma rotina saudável podem ajudar a aliviar os sintomas e promover uma sensação de bem-estar.

Encontrei pessoas que descobriram na arte, na escrita e em outras formas de expressão criativa maneiras de canalizar suas emoções de maneira positiva. Essas atividades não substituem o tratamento profissional, mas podem complementar a jornada de autodescoberta e cura.

Embora o TPB possa ser debilitante, ele não precisa definir o futuro de uma pessoa. Com o tratamento adequado e um sistema de apoio sólido, muitas pessoas conseguem encontrar um equilíbrio e viver uma vida significativa.

Cada história de superação que ouvi reforçou em mim a convicção de que o TPB, por mais desafiador que seja, pode ser gerido com sucesso. A chave está em não perder a esperança e continuar buscando os recursos necessários para viver melhor.

Por fim, é essencial que continuemos a promover a conscientização sobre o TPB. Quanto mais pessoas entenderem o transtorno, menos espaço haverá para o preconceito e a desinformação. Se você conhece alguém que está enfrentando esses sintomas, estenda a mão.

Às vezes, a simples oferta de apoio pode ser o primeiro passo para a pessoa buscar a ajuda que precisa. No final das contas, todos nós somos vulneráveis de diferentes maneiras, e o que nos conecta é a capacidade de sermos compassivos e solidários uns com os outros.