qui. nov 21st, 2024

Jogar videogame não faz mal, o excesso da atividade é que traz alguns malefícios 

Alguns jogos de videogame, inclusive, costumam proporcionar diversão, distração, estímulo e até a prática de atividades físicas quando se trata da realidade virtual que permite o movimento dos jogadores. Mas isso tudo com moderação!

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) realizaram um estudo que foi publicado pela revista científica National Library of Medicine concluindo que, 28% dos jovens brasileiros fazem uso abusivo de videogames. A Organização Mundial da Saúde (OMS) enquadra o uso excessivo de videogames como um distúrbio psíquico nomeado como Transtorno de Jogo pela Internet (TJI).

Especialistas apontam os malefícios do uso excessivo:

Má postura:

O Dr. Guilherme Rossoni, neurocirurgião e especialista em tratamento de doenças da coluna, afirma que o principal erro dos jogadores de videogame é manter a mesma postura durante todo o tempo.

“É fundamental que os jogadores, principalmente os gamers que passam muito tempo nos jogos, realizem atividades físicas para fortalecer a musculatura, fazendo pausas para alongar, mexer o corpo e corrigir a postura quando perceber que está corcunda. Passar muito tempo na mesma posição, principalmente em uma posição incorreta, de má postura, pode trazer problemas como hérnia de disco, dores lombar, cifose postural, dor de cabeça tensional, hiperlordose lombar, escoliose entre outros problemas.”

Saúde mental:

Para a psicóloga Luciene Gomes, especialista em educação cognitiva, o cuidado com excesso do uso de videogames é fundamental para não gerar problemas à saúde mental.

“É preciso estar atento quanto à quantidade de horas que o indivíduo fica exposto ao jogo. Considero um prejuízo à saúde mental quando a pessoa deixa de executar sua rotina como, dormir, comer, sair com amigos ou faltar ao trabalho para se dedicar ao videogame. O abuso dos jogos podem gerar problemas relacionados a baixa tolerância a frustrações, crises de ansiedade e problemas com a falta de habilidade em socialização.” alerta.

Problemas de visão:

De acordo com Marcelo Cavalcante Costa, oftalmologista e especialista em Retina Infantil, é importante estar ciente dos possíveis riscos para a sua visão.

“A exposição prolongada à tela pode resultar em fadiga ocular. Ela pode se manifestar como uma irritação, às vezes olho vermelho, uma sensação de olho seco e até visão embaçada, que normalmente aparecem no final do dia. Além disso, muito tempo de exposição às telas pode causar o que chamamos de síndrome visual do computador, que é uma preocupação real. É importante entender que o olho tem que estar sempre lubrificado. Essa lubrificação acontece por meio do ato de piscar. O que geralmente acontece é que, quando ficamos muito tempo olhando uma tela, esquecemos de piscar, prejudicando essa lubrificação. Outra questão é a miopia, pois vários estudos indicam que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode aumentar o risco de desenvolver esse problema ocular, principalmente em crianças.” afirma o especialista.

O Dr. Marcelo orienta os jogadores de videogames: “Faça pausas regulares: a cada 20/30 minutos, desvie o olhar da tela por alguns minutos para descansar. Você pode usar uma regra simples, conhecida como 20-20-20, que é o seguinte, a cada 20 minutos olhe para algo a 20 pés (cerca de 6 metros), por pelo menos 20 segundos.”

Vício:

O Dr. Guilherme Rossoni explica o que acontece com o cérebro de uma pessoa viciada em jogos.

“Dentro do nosso cérebro existem três áreas específicas chamadas de córtex pré frontal, córtex frontal e ínsula, que são responsáveis pela memória, reações das emoções, controle das emoções e tomadas de decisões e do juízo. Estudos mais recentes mostram que as pessoas são geneticamente mais suscetíveis nessas três áreas do cérebro, além disso, esses indivíduos apresentam uma maior produção de substâncias como a dopamina e adrenalina, substâncias envolvidas no mecanismo de recompensa. Portanto, o aumento da produção da dopamina, aliada a uma resposta exacerbada de euforia que é compensada pelo prazer de jogar, acaba aumentando as chances desse indivíduo passar horas jogando de formas repetitivas e diminui os centros cerebrais inibidores das tomadas de decisões. Se você entender que esse tipo de comportamento já fugiu do controle, o ideal é você procurar ajuda de um especialista para que tenha o acompanhamento e tratamento adequado” finaliza.

Estresse:

Para a psicanalista Elizandra Souza, problemas como ansiedade, depressão e estresse estão atrelados aos malefícios que o uso excessivo de videogames pode causar.

“Dependendo da relação que a pessoa tem com o jogo e com sua própria vida, o videogame fica como único instrumento de escape. Escape do mundo e, por vezes, de si mesmo. Por isso, o videogame pode ser tanto uma descarga de estresse, como um causador de estresse. Na fase em que o jogo é distração, a função de descarga de estresse é mais evidente. Mas essa mesma sensação de prazer, justamente pela diversão, pode gerar uma espécie de vício inicial, que posteriormente será o gerador de estresse, seja pela dependência, seja pelos problemas já mencionados.O estresse é um desgaste emocional e psicológico que aparece, principalmente quando a pessoa vive situações excessivas.” afirma.

Para amenizar os malefícios, é fundamental reconhecer que existem problemas nesse excesso.

“É necessário que a pessoa se dê conta de que existe um problema e existe sofrimento ligado a essa situação. Isso, apesar de ser o primeiro passo, é um dos mais difíceis. A pessoa tende a jogar a culpa do problema no outro ou em outras coisas. Nunca naquilo que lhe causa prazer. Inicialmente, reduzir o tempo de permanência no jogo. Não existirá resolução de problemas devido ao jogo, se a pessoa continuar no videogame. Posteriormente, buscar outras formas de diversão e descarga de estresse. E, quando necessário, buscar ajuda profissional, seja para as questões físicas, psicológicas ou financeiras.” finaliza Elizandra Souza.