Crise na incorporadora imobiliária chinesa está gerando impactos em todo o mundo.
A crise na incorporadora imobiliária chinesa, noticiada em setembro de 2021, chamou a atenção do mercado mundial. A situação da Evergrande, inclusive, deve ser observada por quem realiza investimentos no Brasil.
A crise financeira já vem sendo chamada por alguns especialistas de “Lehman Brothers chinês”, nome que remete à instituição bancária que faliu e deu início à crise financeira em 2008. Com impacto nas bolsas de todo o mundo, entender a crise na Evergrande é fundamental para quem quer estar por dentro de temas como finanças, economia e investimentos no Brasil.
Por dentro da Evergrande
A Evergrande Group ou Evergrande Real Estate Group é uma incorporadora imobiliária chinesa que ocupa o segundo lugar na lista de maiores empresas do segmento na China, sendo considerada a 122ª maior do mundo em receita, segundo a Fortune Global 500 de 2021.
A empresa, fundada em 1996, é responsável por projetos de construção em 280 cidades, além de ter uma subsidiária no segmento de veículos elétricos, um time de futebol, uma empresa de mídia e um parque de diversões.
Nos últimos anos a Evergrande vinha em um movimento de crescimento exponencial, que estava sendo acompanhado por um endividamento, estimado em aproximadamente US$ 300 bilhões, com juros que ultrapassam a capacidade de pagamento.
Contexto atual e riscos para o sistema financeiro
O fato de a empresa ter alcançado uma dívida com juros que estão além da capacidade de pagamento gera um desequilíbrio econômico significativo. Muito embora o grupo tenha buscado alternativas para levantar fundos e pagar credores, fornecedores e investidores, a situação é considerada grave pelos especialistas.
Os passivos do grupo podem gerar riscos para o sistema financeiro do país. Em 20 de setembro de 2021, as ações da Evergrande caíram para mínimas de 11 anos, enquanto se aproxima o prazo para vencimento das dívidas. Na data, as ações tiveram queda de 10,2% após uma queda anterior de 19%.
Estima-se que as ações continuem em queda enquanto não exista uma solução eficaz que resolva o problema da liquidez e em face às inúmeras incertezas que envolvem a empresa.
Impacto no mercado brasileiro
A perspectiva de um possível calote envolvendo a Evergrande, que já é considerada e empresa como maior dívida de ativos no mundo, afetaria o mercado mundial, gerando efeitos ainda mais problemáticos para a empresa.
Depois do anúncio de que os juros da dívida da Evergrande não seriam pagos aos credores, em setembro, as ações fecharam o dia em US$ 2,28 (em 20.09.21), o que totalizou uma queda acumulada de 84,7% desde o início de 2021.
Com isso, empresas de tecnologia como Apple, Google, Amazon e Tesla, listadas em Wall Street, tiveram quedas nos valores de suas ações. No mesmo dia, Nasdaq fechou com queda de 2,17% e Dow Jones fechou com queda de 1,79%.
Mas, afinal, no Brasil, qual o impacto causado pela crise da chinesa Evergrande? Na data do anúncio, o Ibovespa caiu para o menor nível dos últimos 10 meses, fechando o dia com uma queda de 2,33%.
O calote cria no mercado — nacional e internacional — temores de uma crise imobiliária chinesa, que, caso se concretize, poderá gerar consequência na economia global. Especialistas como a agência de notícias Reuters, comparam a situação à crise de 2008, causada pela bolha imobiliária vivida nos Estados Unidos.
O reflexo da crise na empresa deve atingir a economia mundial, mas não com a mesma forma que a crise do Lehman, pois no caso do banco de investimentos, eram realizadas operações com instituições espalhadas em vários países.
Porém, a situação desponta como um alerta aos investidores, já que a pandemia da Covid-19 também tem influenciado os mercados e deve impactar a crise financeira.
Em países emergentes — como é o caso do Brasil — que têm muitos negócios com a China, o reflexo da crise na Evergrande pode ser maior. A crise pode gerar um colapso no sistema financeiro chinês e, sendo o país um dos maiores importadores mundiais de commodities, todos que vendem para esse mercado, devem sentir os reflexos.
Desde 2009 a China é o principal parceiro comercial do Brasil e os destaques de vendas incluem petróleo, soja e minério de ferro. Em 2019, exportamos para a China um valor total de US$ 62,87 bilhões.